Sobre o Bloco
A arte retrata quatro personalidades heroicas das lutas pela independência. No céu, Cipriano Barata e Frei Caneca, bons jornalistas e formadores de opinião, bradam suas ideias e espalham seus panfletos como nuvens, em meio à revoada de pássaros. Abaixo, no solo, o comandante negro Pedro Pedroso e a mulher que se travestiu de soldado, Maria Quitéria, cerram os punhos e lideram tropas no cenário que mistura campo e cidade. O Nordeste é representado pela cor da terracota e pela emulação digital da Xilogravura, enquanto a diversidade do protagonismo de homens e mulheres, pessoas brancas, negras, indígenas, de várias classes sociais e diferentes culturas, é reforçada pela paleta colorida, nacional, e pelos elementos simbólicos decorativos.
Bicentenário da Independência – Personalidades
Dando prosseguimento às comemorações do Bicentenário da Independência, os Correios destaca, nesta emissão personalidades históricas que tiveram momentos de protagonismo em movimentos que antecederam a Independência do Brasil. A Filatelia, em um dos seus papéis de disseminar conhecimento, retrata e homenageia esses personagens poucos explorados, mas que ajudaram a escrever a história da independência pouco antes dela ocorrer.
O médico baiano Cipriano Barata, entusiasta nacionalista, esteve presente nas Cortes de Lisboa. O revolucionário Frei Caneca foi líder da Revolução Pernambucana de 1817 e de outros movimentos. O militar afrodescendente Pedro Pedroso teve seu leal exército ao seu lado contra os monarquistas. A heroína da Pátria, Maria Quitéria, foi figura feminina de enorme importância na Guerra da Independência. Os próximos parágrafos resumem a biografia de cada um deles.
FREI CANECA
Nascido no Recife a 20 de agosto de 1779 e filho da pernambucana Francisca Alexandrina de Siqueira, Joaquim da Silva Rabelo tomou o hábito carmelita em 1796, tornando-se, a partir daí, Joaquim do Amor Divino. Depois acresce “Caneca” ao seu nome em referência ao ofício do pai, o tanoeiro português Domingos da Silva Rabelo. Ordena-se frade em 1801 e em 1803 torna-se professor de retórica, geometria e filosofia. Sua militância política inicia-se na revolução de 1817: naquela ocasião exerce papel de conselheiro do exército republicano. Com a queda do governo provisório, é preso e enviado à Bahia, onde permanece detido até 1821. De volta ao Recife, ajuda a eleger a primeira junta de governo constitucional, e em fins de 1822 revela entusiasmo com a aclamação de D. Pedro como imperador do Brasil. Contudo, ao longo de 1823 mostra-se desiludido com o imperador em decorrência da nomeação de Manoel Paes Barreto como presidente da província de Pernambuco e, sobretudo, em virtude do fechamento da Assembleia Constituinte. Caneca acredita, pois, que sem um pacto garantido por uma assembleia livre e soberana jamais se poderia fundar a nova nação no Brasil. Por essa razão começa a redigir o jornal Typhis Pernambucano, tornando-se, ao mesmo tempo, ideólogo da Confederação do Equador, movimento de resistência ao governo imperial que eclode no Recife em julho de 1824. Atuando também como membro de tropas durante este movimento político, Frei Caneca participa de combates no Recife e no interior da província. Contudo, é preso e condenado à pena capital, sendo executado a 13 de janeiro de 1825.
PEDRO DA SILVA PEDROSO
Nascido em 1770 no Recife, Pedro da Silva Pedroso, foi um afrodescendente “pardo” que serviu nas tropas de primeira linha. Assentou praça de soldado em fins do século XVIII e em 1816 tornou-se capitão do regimento de artilharia. Durante a revolução de 1817, Pedroso teve papel de relevo no plano militar e no plano político, mormente na vitória do de republicanos sobre monarquistas constitucionais. Ao final da república, foi encarcerado e enviado à Bahia e, depois, a Lisboa. Em abril de 1822 obtém perdão das Cortes Constituintes e retorna a Pernambuco. Dias depois, participa diretamente da deposição da primeira junta de governo e é feito Governador das Armas da província pela junta seguinte, a dos Matutos. Suas atitudes temerárias, porém, levam à sua demissão em janeiro de 1823, o que deu ensejo à Pedrosada: a insurreição das milícias e das tropas de linha leais a Pedroso que, em fevereiro de 1823, governam a província durante uma semana. Ao final do evento, Pedroso é enviado preso ao Rio de Janeiro e em julho de 1823 pede clemência a D. Pedro I. Este lhe concede liberdade, mas, em troca, requer seu concurso para debelar a Confederação do Equador. Derrotado este movimento, Pedroso retira-se definitivamente para o Rio de Janeiro. Ali, depois, entre 6 e 7 de abril de 1831, é um dos militares que pernoita no Campo da Honra para receber a carta de abdicação de Pedro I. Pedro da Silva Pedroso falece no Rio de Janeiro em 1849, aos 79 anos de idade.
CIPRIANO BARATA
Nascido em Salvador a 26 de setembro de 1762, Cipriano José Barata de Almeida foi um publicista e político da era da independência. Filho do militar português Raimundo Nunes Barata e de sua esposa, a baiana Luiza Josefa Xavier, matricula-se como aluno na Universidade de Coimbra em 1786. Em 1790 recebe diplomas de habilitação em Medicina, Matemática e Filosofia. Em 1788 é acusado de heresia e pela mesma razão é denunciado de proferir “pregações incendiárias”. Em 1798 é preso em decorrência de seu envolvimento com a Conjuração dos Alfaiates. Embora residisse na Bahia, Barata é implicado na revolução pernambucana de 1817. Em 1820, é eleito deputado por sua província para as Cortes de Lisboa e, desde então, torna-se ardoroso defensor do constitucionalismo. Em 1823 inicia a publicação do jornal Sentinela da Liberdade e é preso sem razão convincente por D. Pedro I. Solto apenas em 1830, reinicia a publicação de seu jornal, mas em 1831 volta a ser preso em diferentes províncias do império sob a acusação de “haitianismo”. Finalmente livre em 1834, Barata passa a migrar constantemente, ao passo que sua saúde se deteriora. Vive no Recife (1834), depois na Paraíba (1836) e, finalmente, no Rio Grande do Norte (1837). Retirado da política e do publicismo, e dedicado a lecionar Francês e a exercer a Medicina, Cipriano Barata falece em Natal a 1º de junho de 1838.
MARIA QUITÉRIA
Nascida em 1792 e filha dos sitiantes Gonçalo Alves de Almeida e Quitéria Maria de Jesus, Maria Quitéria de Jesus foi uma militar baiana que atuou na guerra que, naquela província, teve lugar no contexto da independência. Sabe-se pouco sobre sua vida pregressa. Em 1821, dribla as oposições no meio militar ao seu sexo e alista-se nos exércitos mercenários contratados por D. Pedro I para impor o projeto de independência na província baiana. Maria Quitéria distingue-se nos combates, recebendo nomeações e reconhecimento do mercenário francês Pierre Labatut (1776-1849), de seu auxiliar, José Joaquim de Lima e Silva (1787-1855) e do próprio Imperador D. Pedro I, que lhe concede soldo vitalício de alferes e um hábito da Imperial Ordem do Cruzeiro. Maria Quitéria falece em Salvador a 1º de agosto de 1853.
Luiz Geraldo Silva
Professor Titular do Departamento de História da UFPR
Detalhes Técnicos
Edital nº 12
Arte: Cordeiro de Sá
Processo de Impressão: ofsete e verniz serigráfico
Papel: cuchê gomado
Bloco com 4 selos
Valor facial: 1º Porte da Carta (cada selo)
Tiragem: 12.000 blocos
Área de desenho: 44 x 26mm
Dimensão do selo: 44 x 26mm
Dimensão do bloco: 110 x 70mm
Picotagem: 11 x 11,5
Data de emissão: 20/8/2022
Locais de lançamento: Recife/PE e Salvador/BA
Impressão: Casa da Moeda do Brasil
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